terça-feira, 16 de setembro de 2008

Encanto e desencanto...


Bem, esse post é a tentativa de traçar um paralelo entre o início de uma relação e o momento em que parece que tudo chega ao fim. Isso porque todo mundo sabe, principalmente quem já teve um relacionamento longo, que "no começo é tudo encantamento, tudo às mil maravilhas" e depois, passado o tempo, a convivência de muitos meses ou anos, as coisas se modificam significativamente e parece que aquelas cores que brilhavam nos olhos apaixonados, desbotam e já não têm a memsa intensidade.
Nos primeiros tempos, existe um interesse natural de ambas as partes. Tudo o que ele fala é lindo, é inteligente, faz sentido e tudo o que ela fala é ouvido com muito interesse. Nessa fase, os amantes trocam mensagens de celular muitas vezes ao dia, aquelas mensagens curtinhas só pra dar "boa noite", ou pra dizer que está com saudade minutos depois de sair da casa dela. É tudo tão exagerado, e tão bonito e gostoso de vivenciar. Existe prazer em estar junto, em alguns casos, necessidade de estar junto pra fazer qualquer coisa que seja: comer um dog na esquina pode ser muito romântico... Existe admiração por tudo que se fala e que se faz. Existe entendimento, quase nenhuma discordância sobre que filme assistir ou o programa que farão no fim de semana. O homem costuma concordar com tudo (hoje eu me indago se tudo isso é vontade de ir aos finalmentes, porque geralmente eles abrem mão de qualquer coisa até esse momento); Não existe jogo de futebol que atrapalhe, nem bebedeira com os amigos que possa valer mais que estar com a namoradinha. É exatamente nessa fase que os amigos do seu namorado vão reclamar a ausência do amigo, dizendo que tudo começou quando ele começou a namorar e logicamente te culparão por isso.
Depois o tempo passa, e o que era motivo de admiração dá lugar a uma irritação sem fim, tudo aquilo que no início era bonitinho e indispensável, se torna estranhamente irritante e patético. As brincadeirinhas já não têm a mesma graça de antes. O cavalheirismo dá lugar a grosserias sem razão, as implicâncias só aumentam e aquele exercício de se sentar pra conversar que era tão maravilhoso se torna um suplício onde já não se concorda com nada que o outro diz. Aquela pessoa que foi tão companheira passa a ser vista como chata, sem graça e outros defeitos que se começa a ver onde só existiam qualidades.
Nem sempre se consegue ser amigo como antes, nem mais se enxerga as necessidades e chateações, elas passam a ter pouca ou nenhuma importância pro seu par. A relação então fica vazia, cai na mesmice, e estar junto já não é tão empolgante como um dia foi. Até as discussões vão diminuíndo, sinal de que um dos dois está desistindo de resolver, desistindo aos poucos daquela relação e se conformando, se calando diante da falta de renovação. O que é feito pra agradar, nem sempre atinge este objetivo e o casal se torna duas pessoas falando línguas diferentes, separados por um muro. Ficam faltando gestos simples, que se tinha em abundância no começo, como uma daquelas mensagenzinhas bobas no meio da noite ou qualquer surpresa pequena, numa sexta-feira à noite.
E parece que o que existe, de fato é o efeito cinderela, onde por alguns momentos tudo é belo e o sapatinho é de cristal e depois, num passe de mágica, tudo o que resta é uma abóbora horrorosa e um vestido esfarrapado.
O tempo que vai durar o sapatinho de cristal e a carruagem encantada ninguém sabe, não tem como precisar. Às vezes dura meses, ou muitos anos. O ruim, de qualquer forma é ver tudo se transformar em tão pouco, ao soar do badalo.
Eu só não entendo porque que tem que ser assim. Quanto mais se conhece, mais se convive é que deveríamos ir nos apaixonando, colecionando histórias com aquela pessoa e considerando-a um tesouro inestimável em nossas vidas. Seria a única coisa que quanto mais usada fosse, mais valor teria. Mas acho que não é bem assim...