domingo, 22 de junho de 2008


E os sonhos? Onde estarão?
É tão vital ter sonhos ridículos, desses que a gente sabe que dificilmente se realizarão... A graça não está em vivenciá-los na prática. Não!!! O melhor de tudo é apenas ficarmos extasiados em minutos, horas ou dias elaborando desejos mirabolantes na cabeça.
Eu costumava sonhar assim, me pergunto quando foi que comecei a não mais me permitir, quando foi exatamente que me achei ridícula por pintar de cor-de-rosa todo o meu mundo. Eu era leve... Ingênua, é bem verdade, mas leve...
Depois passei a matar esses sentimentos, foi aos poucos. Sufocava cruelmente um em um dia nublado e em um sábado de sol, após uma reunião de família, condenava sutilmente outro à forca! E fui me esvaziando, me tornando um serzinho que tantas vezes só atua, que camufla o que sente, que às vezes nem sente (que ri quando quer chorar e faz também o inverso)... Uma pessoa com estilo de soldado, marchando sempre dura, com aparência de imbatível, inatingível. Não deixei mais que as lágrimas caíssem, não quando estou perto de quem possa presenciar. Vai saber o que dirá sobre mim: Que sou um tipo de massa mole de pudim ou um pote de margarina ao sol.
Fui me convencendo de que só os tolos demonstram o que sentem, que falam sem temor o que pensam, que eles sofrem também em função disso, do descaramento em mostrar o que são. E passei a doutrinar aqueles que insistiam em ficar fazendo drama, repetindo a eles que "a vida é um jogo".
Pergunto hoje onde está o que eu fui um dia... Uma espécie de criança crescida que não tinha vergonha de admitir sua alegria e muito menos sua tristeza, quando havia... Eu sei que ainda existe, num canto que é como um cárcere, dentro de mim.
É tão dramático pensar tudo isso, alguns dirão. Esse é apenas um momento em que me escapa, transborda um pouco do que fui, é passageiro.
Aprendi a dizer que estou sempre bem, a maior parte do tempo, isso me trouxe "ganhos" incontestáveis várias vezes, pude ser chamada de sensata e mais madura também...(bem verdade que ainda cometo deslizes, não sigo a risca a cartilha dos fortes e falo demais). Aprendi que sonhos malucos, desses sem pé e nem cabeça são tolices, que um mundo cor-de-rosa pode facilmente ser borrado com nanquim, porque tem sempre aquele que adora revelar aos outros que o mundo é concreto, gosta de mostrar que é conhecedor da "realidade", a exemplo dos que revelam às crianças, com todo sarcasmo do mundo que papai noel é apenas um cara, fazendo um bico, vestido numa roupa vermelha. O que vale, penso eu, é que algum dia eu deixei que meu olhar fosse além disso, dessa realidade sem graça que nos cerca, podia ver cor onde não tinha e beleza e magia em quase tudo, acreditei que o mundo era um lugar que sempre podia ser melhorado (acreditava até na política, veja só), que vale a pena se render a um olhar, que existe pureza e verdade nos sorrisos, acreditei um dia nos meus devaneios que eu era querida por muitos (que não existia essa coisa de se odiar e falar mal em segredo e pelas costas). Isso eu ainda tenho comigo, vai ser sempre só meu, guardado no velho baú.

SÓ AS CRIANÇAS E OS LOUCOS DIZEM A VERDADE, POR ISSO É QUE EDUCAM AS CRIANÇAS E TRANCAFIAM OS LOUCOS.

" Não existe nada mais detestável que a pureza." (De uma peça sobre Dom Quixote de La Mancha)
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Quando eu desligo minha mente

Eu vôo até onde quero

Um quarto de hotel

Uma praça de uma cidade distante

Que me faz lembrar o que eu nunca vivi

Estou de volta à realidade

Estou de volta

A realidade é um grande sonho



Quando eu entro no meu mundo

Eu corro os riscos que espero

Um amor proibido

Uma curva perigosa de uma estrada

Que não leva a parte alguma e não tem fim

Estou de volta à realidade

Estou de volta

A realidade é um grande sonho



Quando eu liberto meu espírito

Eu sei muito bem aonde ir

Um coração solitário

Um abrigo perdido sob a chuva

Que lava minha alma e não para de cair

Estou de volta à realidade

Estou de volta

A realidade é um grande sonho



Paulo Antonio Barreto Junior

© Todos os Direitos Reservados

domingo, 8 de junho de 2008

ERROS E ACERTOS!


Os meus erros mais absurdos, eu não devo atribuí-los a ninguém.
Os mais escandalosos, os maiores momentos de dúvida, onde eu virei à esquerda em lugar de ter entrado à direita, não é culpa de outra pessoa que não eu mesma.
As escolhas mal feitas, pensadas de qualquer jeito, fui eu quem pensei.
As palavras ásperas que usei, muitas vezes certa de que fazia justiça, quando na verdade apenas magoava quem ouvia, eu sei bem que ninguém teve nada com isso.
Os momentos em que deixei de falar aquilo que seria capaz de confortar, que deixei de me preocupar e ter um mínimo de solidariedade, também são de responsabilidade minha.
Minha impetuosidade, meu pouco pensar... Tudo eu, assumo!
Tem quem diga que não se arrepende de nada, eu confesso não entender muito bem como é isso. Queria voltar atrás em algumas poucas coisas, confesso! Já que naõ posso, apenas assumo que falhei.
Digo tudo isso porque raramente credito meus acertos, minhas certezas, serenidade diante da vida e minhas vitórias a mais alguém que não eu mesma.
Seguir na vida ora acertando, ora errando sem desistir...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Rob Gonsalves e um pouquinho de arte.



Surpreendente artista canadense, nascido em Toronto em 1959. Mestre da arte fantástica, suas obras criam ilusões e interagem entre o mundo real e o imaginário fazendo com que o expectador reflita sobre o que está vendo e tente desvendar os mistérios destas obras. A arte de Rob Gonsalves. Desenhos incrivelmente detalhados de Rob Gonsalves, cada peça guarda inúmeras surpresas.

Para entender e vizualizar os mistérios de suas obras é preciso observar, entrar em seu mundo encantado e magnífico. Parar, observar e se questionar sobre o que realmente está vendo. E isto não é nada difícil, e é até muito prazeroso!

Suas ilusões fazem ligações entre mundos distintos, unem o real e o fantástico. Rob Gonsalves não nos responde qual é de fato a realidade, isto é função de quem se dispõe a explorar as suas telas.

A mensagem principal de suas obras é que não podemos, e nem devemos acreditar do que enxergamos logo no primeiro momento. Analisar e se deixar surpreender. É o tipo de pintura onde você consegue captar realidades paralelas distintas em um mesmo quadro.

Vale a pena parar um instante e observar as suas obras, com cuidado e atenção e livre de conceitos previamente estabelecidos, com olhar de uma criança.

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Se olhássemos com olhar de criança, brincaríamos mais e perguntaríamos menos, sentiríamos mais e explicaríamos menos.
Não haveria mistérios e se mistérios houvesse, não existiria a impossibilidade de desvendá-los.
O que haveria além da janela? Pergunta inútil, pois não haveria janelas... apenas amplidão, onde tudo caberia: bruxas, fadas, duendes, gnomos, estátuas, gente. Tudo real, na órbita do meu olhar.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Apenas reflexões...



Outro dia, revisitando Shakespeare, li algumas obras, as que mais me agradam e terminei com uma idéia que passou o resto da noite a me "incomodar": o amor de que falam aqueles livros não existe mais. Ou ainda um pouco mais profundo: talvez nunca tenha existido em sua plenitude.
Fico pensando que amor do tipo loucura, aquele que "faz o sujeito perder a cabeça e se jogar", caiu há muito em desuso. Amor que se entrega, que é único então...
O tipo Romeu e Julieta de amor? Onde é que se enconta, alguém pode me dizer?
Nosso Romeu nos dias de hoje, estaria muito preocupado em sair "de balada", seria um cara com dificuldades em assumir um relacionamento e "ficaria" não só com a pobre Julieta, mas com a Marieta, com a Antonieta ou qualquer outra que "desse mole".
O amor tomou feições de modernidade, de tanta independência que quase mata o vínculo
entre as duas pessoas. Cada um tão focado em seus objetivos de vida, que passam a esquecer a cortesia, o namoro, os votos de eternidade.
Não está muito na moda ser fiel, cultivar a idéia de ficar com alguém para toda a velhice, (aliás quem é que não morre de medo de ficar velho?) Imagine que atualmente o que separaria Desdêmona de Otelo não seria aquele conhecido fim trágico, mas quem sabe as brigas por dinheiro, a preocupação com status social e outras brigas domésticas (do tipo as do programa da Regina Volpato), bem menos interessantes que o desfecho escrito pelo autor.
O curioso é que quase todo mundo sonha em ter um amor pra vida toda, encontrar esse alguém para esse final feliz. Mas quanta disposição verdadeira há em um projeto desses, na prática? Ao contrário, o que mais se vê são os casamentos que se iniciam com previsão de término, que duram meses, por pura incompatibilidade declarada pelas "almas gêmeas",
a pouca vontade de dialogar e buscar soluções, a desistência no primeiro desacerto,
O envolvimento dos relacionamentos é semelhante à sensação de um tomar banho sem lavar os cabelos. Parece incompleto, pela metade... É meio compromisso, quando muito.
Lamentavelmente, e não de forma unânime, as relações de amor estão distantes demais, talvez alguns anos-luz daquilo que idealizaram e registraram os poetas e famosos escritores. Chega a ter-se a impressão de tratar-se apenas de idéia ingênua de moça sonhadora ou donzela; Coisa tão ingênua se tornou acreditar no amor, na entrega, na lealdade e no sonho de compartilhar a vida com outra pessoa. Arrisco a dizer que para alguns especialistas, tudo isso pode ser diagnosticado e tratado como um mal, uma doença, um tipo patológico de dependência que deve ser combatido em tempos atuais.
Em que momento as coisas que falam de amor se tornaram tão piegas? Esse texto corre o risco, inclusive, de ser assim avaliado. Eu sinceramente não me importo.