quarta-feira, 4 de junho de 2008

Apenas reflexões...



Outro dia, revisitando Shakespeare, li algumas obras, as que mais me agradam e terminei com uma idéia que passou o resto da noite a me "incomodar": o amor de que falam aqueles livros não existe mais. Ou ainda um pouco mais profundo: talvez nunca tenha existido em sua plenitude.
Fico pensando que amor do tipo loucura, aquele que "faz o sujeito perder a cabeça e se jogar", caiu há muito em desuso. Amor que se entrega, que é único então...
O tipo Romeu e Julieta de amor? Onde é que se enconta, alguém pode me dizer?
Nosso Romeu nos dias de hoje, estaria muito preocupado em sair "de balada", seria um cara com dificuldades em assumir um relacionamento e "ficaria" não só com a pobre Julieta, mas com a Marieta, com a Antonieta ou qualquer outra que "desse mole".
O amor tomou feições de modernidade, de tanta independência que quase mata o vínculo
entre as duas pessoas. Cada um tão focado em seus objetivos de vida, que passam a esquecer a cortesia, o namoro, os votos de eternidade.
Não está muito na moda ser fiel, cultivar a idéia de ficar com alguém para toda a velhice, (aliás quem é que não morre de medo de ficar velho?) Imagine que atualmente o que separaria Desdêmona de Otelo não seria aquele conhecido fim trágico, mas quem sabe as brigas por dinheiro, a preocupação com status social e outras brigas domésticas (do tipo as do programa da Regina Volpato), bem menos interessantes que o desfecho escrito pelo autor.
O curioso é que quase todo mundo sonha em ter um amor pra vida toda, encontrar esse alguém para esse final feliz. Mas quanta disposição verdadeira há em um projeto desses, na prática? Ao contrário, o que mais se vê são os casamentos que se iniciam com previsão de término, que duram meses, por pura incompatibilidade declarada pelas "almas gêmeas",
a pouca vontade de dialogar e buscar soluções, a desistência no primeiro desacerto,
O envolvimento dos relacionamentos é semelhante à sensação de um tomar banho sem lavar os cabelos. Parece incompleto, pela metade... É meio compromisso, quando muito.
Lamentavelmente, e não de forma unânime, as relações de amor estão distantes demais, talvez alguns anos-luz daquilo que idealizaram e registraram os poetas e famosos escritores. Chega a ter-se a impressão de tratar-se apenas de idéia ingênua de moça sonhadora ou donzela; Coisa tão ingênua se tornou acreditar no amor, na entrega, na lealdade e no sonho de compartilhar a vida com outra pessoa. Arrisco a dizer que para alguns especialistas, tudo isso pode ser diagnosticado e tratado como um mal, uma doença, um tipo patológico de dependência que deve ser combatido em tempos atuais.
Em que momento as coisas que falam de amor se tornaram tão piegas? Esse texto corre o risco, inclusive, de ser assim avaliado. Eu sinceramente não me importo.

2 comentários:

Anônimo disse...

vc escreve muito bem. vou voutar aqui mais vezes. está cotato a entrar nas minhas indicações. gostei de verdade. quando o amor. é um tema tão complicado, rotineiro. eu me abstenho pra não polemizar. ja amei uma vez. rsrsr
e digo amor n é pra principiantes. e digo mais, saldade quando n mata, aleja.

boa sorte. bjusss

Stylosophy | Lisi disse...

Gostei muito de seus textos.
Parabéns.
Concordo contigo e acho que o amor é um movimento da vida, comum, natural, as vezes damos valor em excesso ao famijerado. Amar deveria ser como engatinhar, andar...vida pura.
O sofrer faz parte do caminho.
Acho que as pessoas tem medo do que não conseguem controlar e a tendencia atual é evitar tudo isso.
Té mais, vou te colocar no meu favoritos pra continuar lendo.